"Recordava os tempos arrebatadores no
Alentejo e as palavras que docemente lhe tinha sussurrado ao ouvido na
esplanada do hotel onde estavam alojados.
Nada
mais que uma sobremesa alentejana, num doce e sedutor vagar da planície, por
entre searas de trigo verdejante sob os diáfanos raios solares do fim do dia.
A
taça de sericaia numa mão e toda a vontade do mundo no corpo.
Permaneceríamos
aí, tempos infindáveis a olhar o céu, até que as estrelas dessem lugar a novos
raios de sol, estes, indicadores de um futuro brilhante, como brilhante é o sol
sobre a seara.
Então,
sob o bater das acácias nas tuas costas, descerias suavemente sobre mim.
A tua
respiração ofegante, aliada aos pequenos gritos libertos na ternura da
planície, pintariam com traços de desejo o quadro onde a vontade nos tinha
colocado.
E a memória foi ocupada a cem por cento pelo
sorriso rasgado de Margarida, admirada pela veia poética dele.
Depois, bem, depois começaram os escolhos,
obstáculos hercúleos, que a vida tem destas coisas."
Excerto.
1 comentário:
E os escolhos da vida são vencidos com novos gritos na planície.
Um abraço,
mário
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