segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O sonho de Orfeu



Sublime é o saber desse sentir
Na curva que envolve o teu sorriso
O dom que só possui o sentimento
O sabor de beber o teu olhar
Que vaga nas ondas do desejo
Soprado pela brisa da saudade

Conseguir na retina o teu suspiro fixar
No instante que possui um por do sol
Completa a certeza do encanto
Do mundo condensado num momento

Se vida existe no sonhar
Onde irrompes subtil sem o pedir
E marcas indelével o porvir

Vivê-la é um destino fatal

domingo, 16 de fevereiro de 2014

No cinzento


Quem me dera ser fim de inverno
Às malvas mandar os dias tristes
Esquecer que fui vento, frio, chuva
Que despido enfrentei o gelo atroz
Perdido em cinzento nevoeiro
Sem luz, farol ou lua cheia

Quem me dera vestir a cor e a luz
Em dias que se eternizam
Sem temor de pela noite entrar

Ser cheiro a feno, papoilas e flor de giesta
Abraçar o sol por quem tanto esperei
E dormir sob uma cheia lua de utopias
Num sonho onde domina a esperança

Quem me dera o poder ter
De todos os invernos terminar

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Dias Não


Sou parte de um todo imaginário
Elo da corrente que cedeu
Acento de palavra apagada
Ponto final de frase reprimida

Desço ao baú do esquecimento
Revolvo a poeira do mistério
Ergo-me num gesto banal
Procuro repor o semblante
Livrar-me dessa mão que me aprisiona
Essa tenaz que me sufoca
No meio do tremor de um naufrágio
Entre suores de frio e rude arfar
De nome Influenza, gripe ou malvadez

Serão apenas cinco dias de penar
Ou espaço para arrumar a lucidez