sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Esteio



Esconde-se o sol, ofusca-te o sorriso
Nas curvas que te levam e não te animam
As mesmas que me deixam sem destino

Dos dias que de outrora já passaram
Manhãs que angústia trazem e incerteza
Da dureza que é real e mensurável

Se a noite chega e não te aninha
O sonho é sempre breve ilusão
E o acordar é nova imensidão

Mas do esteio se faz a compostura
E da firmeza se molda a envergadura
Que lealdade não é palavra vã

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Estival



Será porque o calor
encerra a melancolia
em caixa hermética
a lacre bem fechada
no vaivém da vida
nesse festim estival
da noite efémera
que encerra os longos dias?

O verão que se esvai
derrete-se em erupção
esventra toda a emoção
reinventa a harmonia
renasce até a ilusão!

Se outono houvesse
em nostalgia,
nada nem alguém
dizer ousaria,
que depois do banquete
vem a digestão...

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Antes que o nunca seja tarde



Antes que o nunca seja tarde
Que a força em ilusão se desvaneça
E o desejo te traia em desvario

Que o delírio do ultraje
Ou a utopia da vontade
Unidos em irmandade
Façam ruir em forte estrondo
A vontade que era férrea

A que guiava esse rio
Alimentava o seu leito
Transbordava desse corpo
Definhava em lento
Amargo torpor

Mas sempre perto e intenso
Embora todo o longe seja denso
E breve seja o penas o fragor

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Xeque




Não será a inconstante leviandade
Propósito de extrair a incerteza
Em rubras esperanças embalada
Travestida com gestos de nobreza
A quem deixou cair a falsidade

Assim brilhante auréola fina
Do leve e mais ousado entorpecer
Sem ritmo a alma bebe em lentos tragos
Ecléticos, alcoólicos mas amargos

Sorve-os em sufocante arfar
Tornando-se até torpe no ousar,
E sem brilho cai, mas docemente,
Ressuscita a alma e a própria gente

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Demanda




Demanda-se por caminhos traiçoeiros
Busca-se o que nunca sempre foi
Na esperança que um dia sempre seja.

Será da esperança que sempre nos ajuda
Da cegueira que na procura nos guia
Ou da vontade que o dia seja ontem?

Pois que amanhã sempre volta
E nos trás de novo a lembrança
Que só desiste da procura
Quem nunca se sentiu atraído
Quem no mundo anda persuadido
Que a esperança não existe
ou que um ideal não persiste.

Não, que prossiga a vontade
Que nos guie a liberdade.
De poder,
porque assim queremos prosseguir
Na demanda do nosso ideal

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Exuberante




No Fogo que interiormente o consome
Terramoto de Sentimentos incontáveis
Fluir de agruras, ténue Imensidão

Expõe-se o que sempre foi presente

Incontornável delírio
Incontrolável Desejo
Necessidade premente
Proximidade Ausente

Exuberante a presença
Estímulo do que foi, é e será

Que a ausência não decreta
Nem a distância afecta

Então,
Porque tremem os teus dedos?