sexta-feira, 6 de julho de 2018

Vilares



Escorrem-me os sonhos por entre os montes
Nem sempre desaguam onde deviam
Pelas encostas crescem
Criam vida própria
Rebelam-se
Exigem tempo, presenças
Falam-me de outros tempos
Sussurram-me o teu nome
Vivem de ti

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Um lugar



Sei de um lugar onde moram encantos
Onde os murmúrios lembram o desejo
Sente-se a beleza dos dias cálidos
Vê-se para lá do infinito
De lá se abarca uma vida
Circunscreve-se o sentir
Sabe-se que lá é o paraíso
E lá um dia voltaremos
Porque de voltar é feita a vida

domingo, 18 de março de 2018

Paridade



Escrevo, corrijo, apago
Desisto, fujo, em vão
Começo, recomeço
Desenho, soletro
Algo mais que um risco
Uma palavra, uma frase
E porquê?
Que há assim tão importante por dizer?
Tudo, nada
Nada é preciso escrever
Lês-me numa folha em branco
Desvendas-me mesmo sem me ler

sexta-feira, 9 de março de 2018

Escreve-me



Escreve
Escreve-me na mão trovas do teu imaginário
Dos dias bons, dos menos bons, assim-assim
Da euforia, da tristeza, da alegoria figurada

Escreve
Nem que seja de momentos imaginados
De sugestões, de conselhos, comentários
observações que a mim nunca chegaram

Escreve
Conta-me de ti, das tuas horas
Dos segundos que ecoam nos murmúrios da ausência
Da beleza de um sorriso provocado
Da lástima de uma lágrima reprimida

Escreve-me
Sempre que a ventura te sorria, escreve-me
Se na des(ventura) tropeçaste, escreve-me
Mas, escreve, pois sabes que te leio nas estrelas
Sabes que te leio
Mesmo quando não me escreves