quarta-feira, 20 de março de 2013

Sulcos de lava





Soltam-se dos dedos lava pura
O chão que a sustem não a espera
Rubra, leve, como a alma que transporta
Escorre pelos sulcos que outrora
Poesia brilhante recitavam
E agora de escuro se pintaram
Enrijeceram até à solidão
Aniquilados em frémito e tormento
De ter dado à peçonha seguimento
Mergulharam na profunda agonia
De ter em vão ampliado o sofrimento
Mas leve como o fogo é a paixão
Que liberta de novo o alento
E escorraça tudo o que era servidão.

domingo, 10 de março de 2013

Dança




na dança do teu ventre
me transportaste
dos dias em que foste lua cheia
das noites suaves
de céus alegres

não só do desvario
do movimento
do corrupio da ousadia
de tudo o que numa hora cabia

foste centelha de luz
em luar de janeiro
verde flor em seco prado
pasto de vontade desejado

mas…
o futuro é ali ao lado

domingo, 3 de março de 2013

longe


longe
na palma da mão recortada
pudera ser mais longe
se quisesse

no peito, na alma
mas não na esperança
aí seria demasiada
a distância

assim
num clique da lembrança
escorrendo pelos dedos
a presença
que a mente ocupa
e o peito enche
sabe-se sempre perto
e persistente