segunda-feira, 31 de março de 2014

Encruzilhada


Os dias, apesar de sempre iguais, passados na rotina exasperante a que se tinham habituado, escorriam por entre os dedos com a mesma rapidez que passavam àqueles que se encontravam no mais paradisíaco dos destinos turísticos.

Tem destas ironias a vida, democraticamente impõe os seus desígnios. Não prolonga a duração dos momentos de sofrimento, mas também não alarga os momentos de prazer. Uma hora tem sempre sessenta minutos, a intensidade com que se vivem é que varia, o resto é apenas metafísica.


segunda-feira, 24 de março de 2014

Um ponto






Um ponto
Um barco
 na linha do horizonte
O sol que se esconde intrigado

A mensagem
 do que foi um sobressalto
Algures
 no recanto do momento
Assinalado
 pelo farol da sintonia
Envolto
 nas ondas do querer
Sopro
 de um vento que fugaz
te faz navegar
para um porto de acalmia

Simples, efémero
Intenso, murmurante
um momento
Ou apenas uma vida

terça-feira, 18 de março de 2014

Um dia




Não preciso o mundo possuir
Ter dos arsenais o controlo total
Nas mãos abarcar o por do sol
Ser dono do casino que é a vida

Gestor de um bordel transfronteiriço
onde se aliviam mágoas
e se atiçam fráguas

Não quero dominar a primavera
Da lua retirar o brilho
Nem o sol suster no horizonte

Para quê o Mundo possuir
Se um sorriso na tua cara
vale o mundo?

terça-feira, 11 de março de 2014

Repousar



Quero descansar num leito brando
Rodear-me do aconchego da ternura
Embebido pelas cores de um sonho vago
Pintado em aguarela de tons quentes

Não vou remar
contra o desígnio do descanso
Enfrentar o ócio que me vence
Tecer desafios contra o nunca
Cavalgar nas ondas da refrega

Ensaiar uma tática ofensiva
ou esgrimir argumentos de defesa
a um apetecível desejo de serenar
a vontade de ser aprisionado
pelos braços esperados do desejo

Basta o suave enleio de uns braços
O infinito condensado nesta tela

Aqui, vou apenas repousar