Paro num assomo de deslumbre
Pausando a jornada fatigante
Desligo-me do óbvio serpentear
Da urgência de o nada acabar
E continuar na inócua tarefa
De dar corda a um relógio
Com ponteiros mas sem marcas
Imerjo num abstrato sentimento
Absorvo as notas soltas do momento
Tento captar os aromas
De um dia de outono extenuante
Não sei se esta música era para mim
Se o desempenho é apropriado
Ou um misto de desdém desafinado
Mas, que importa a dúvida momentânea
Dada a alegria do momento
Utopia, talvez, mas num instante
Tomei o mundo num bocejo
Libertei-me das garras do real
9 comentários:
De facto, neste outono, o óbvio é mesmo "a libertação do real". Apagar as horas e afinar os sentidos, captando música da chuva desafinada.
Gostei imenso, Armando.
Meu bjo :)
Tantas são as realidades
A poesia proporciona este
voo numa liberdade,
numa sonoridade instante-vida...
Gosto sempre do teu voo poético!
Ou de como se consegue fazer magia com o próprio tempo...
Muito bom.
Abraço
Captar os aromas de outono.
Abraço,
mário
Captar os aromas de outono.
Abraço,
mário
De fugas pontuais também se faz caminho no desconcerto do tempo.
Um beijo
Não sei se é bocejo ou uma temporária imersão onde não sabemos... Deve ser mais que bocejo para palavras tão poéticas...
Um abraço
Como entendo este bocejo! este desligar os botões do real e ingressar na melodia que se acende algures!
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