Passos

Ode à Graça à Virtude e à Esperança

Quarto crescente, lua cheia de Magia

Para trás a tristeza, a Nostalgia

De ambas, nem lembrança nem herança

Novos dias, novas contas desfiando

Do rosário entretanto produzido

O caminho amargo e dorido

Arde agora lento em lume brando

O que falta para soltar a grilheta?

Ela existe ou é algo imaginário?

Concebo-a  e lhe traço a silhueta,

Ou será que é parte do relicário?

Não será antes vil imaginação

Envolta já em usado sudário?

Kasbah

Não, não será por certo por vaguear, errar, calcorrear errando ou errando por calcorrear. Nem tão pouco por insistir em resistir numa absurda ideia de levar o sol à parte mais escura que a sombra tinge no pensamento erróneo do sonhador. Não, é só porque assim está bem.

Longínquo

Mais que longínquo, longe.
Amado, admirado, odiado e pretendido, destino de obrigação e incompreendido.
De contrastes, de dor e de paixão.
Franco, Sincero, Agreste e ENORME, como os seus horizontes.

Viram-te as Costas

E num repente, sem nada que o justificasse, eis que de entre o nada, surge resplandecente o absoluto. E, absorto como estava, de nada lhe valeram os mil e um anos de abstinência e subversão, foi colhido, recolhido e eliminado. Paz à sua obstinação!

Íngreme

"Um sono repousante tomou conta dele, transportou-o por campos verdes de milho com regos profundos onde corria a água fresca do ribeiro. Dali subia pela encosta de estevas e tojos. A meio da encosta um buraco negro, em redor correias, engrenagens e transmissões, máquinas e homens, negros, por dentro e por fora. Esse buraco negro, a entrada da mina, o fim da sua vida."

Excerto de Terminal

Foi-se

Fui resistindo ao por-do-sol. Parecia-me demasiado fácil, demasiado atraente, assim como uma cilada para a qual todos somos atraídos e onde sempre acabamos por cair.
Talvez seja a confirmação de tudo ou apenas porque foi demasiado irresistível e não fica bem resistir a tudo.

Passagem

O que te diz uma passagem? O satisfazer da curiosidade, um novo fôlego, um novo ânimo, uma nova angústia ou tão só porque temos que avançar?
E tudo isto misturado na imensidão do que ainda não está concretizado mas que tu, como mais um dente da engrenagem, ajudas a mover num movimento perpétuo.
E tudo isto envolto num ambiente nocturno de nostalgia?

O Alvo

Coincidência, alinhamento propositado, junção de circunstâncias...que teria levado os componentes a disporem-se assim?
Se como se teoriza não há coincidências, então haverá por certo uma razão.
Penso que o conjunto funcionou mas, quem sabe?

Desenfocada

Desenfocada é provavelemente uma palavra que não existe em nenhum dicionário de nenhuma língua.
Significa no meu, algo ou alguém que insiste em não estar focado. É assim uma acção premeditada e não o acto provocado pela incapacidade de focagem como um acto passivo que alguém nos provocou.

Escolhas

A vida é feita de regras, de sinais que persistem em orientar-nos. A última decisão, essa é de cada um. Transgredir é uma das opções! Por vezes o proibido é o mais agradável e nem sempre o recomendado é o mais simples.

De onde vens?

Por vezes, muitas vezes, as aparências iludem-nos. Parecendo da mais humilde proveniência, da mais plebeia existência, de rudes modos e tudo isto enganador.
Por trás pode estar algo resplandecente, popular, cosmopolita e proeminente.
Isto tenta reflectir esta foto!

Labirinto

Recortado nas entranhas, de passos enviesados, seguindo um qualquer propósito indefinido, inquieto e inquestionável.

Cadeia da Relação

Do Amor de perdição ou da perdição do Amor. Dos que por cá passaram, os que acreditavam ou que creditavam, até aos que usufruíram, nem que usurpando. Aos fotógrafos também, desde Daguerre até às reflex digitais.
Desde as salas de fedor a mijo até aos desumidificadores e climatizadores actuais.
A todos os bandidos, heróis e vilões que por aqui passaram.

Diagonal

Depois do mito, da utopia, o ganha pão.

Pedome

Para começar, porque é sempre difícil cortar o cordão umbilical, fica uma foto de Pedome, nocturna em tons de cinzento.