segunda-feira, 9 de abril de 2012

O Estratega




“Artur gostava daquele jeito decidido de Filipa. Apetecia-lhe uma coisa, investia nela. Sem grandes planificações, sem premeditações.
Pelo contrário, ele era o típico financeiro, o homem do planeamento. Tudo tinha que ser ponderado, pesado, avaliado. No fim, perdia-se todo o prazer do imediato, da descoberta, do imprevisto. Filipa era o seu contraponto.
Pensava nisto já a caminho de casa. Aí chegado, tomaria um banho, escolheria a roupa peça por peça, a cor das meias que combinariam com a camisa e por fim, poria o perfume que Filipa lhe tinha recomendado anteriormente.
Passou-lhe a angústia, parecia outro. O andar, era agora firme, decidido. Só ela o punha assim.
Passaria ainda pelo centro comercial para comprar uma prenda a Filipa e, depois sim, partiria. Seriam ainda uns longos e extenuantes quilómetros até ao paraíso.
O toque de uma mensagem no telemóvel despertou-lhe então os sentidos.”

Armando Sena

3 comentários:

trepadeira disse...

O estratega é tão,tão,planificador que tem mais gosto no plano do que na obra.

Um abraço,
mário

Anónimo disse...

O desejo procurado não é tão intenso como o inesperado e até as emoções de uma fatalidade são surpreendentemente superiores.
"O que Eu mais esperava - é o que menos se espera - Eu esperava o inesperado(...)"

Belo texto.

Rita Carrapato disse...

Armando

O perigo maior consiste no estratagema das emoções!

Beijinho