segunda-feira, 24 de junho de 2013

Intemporal




Sem controlo
os dias esgotam-se
na ilusão da intemporalidade
deslizam entre as rugas da existência
correm que nem loucos
perdidos
nesse desfiladeiro enganador
que é a vivência temporal

Vivemos o que nos deixam
e um dia, diz-se,
morreremos como os demais.

O que se assemelha a uma sina
é talvez o mote da existência:
produzir, criar, amar e viver
pois certa, certa, só a vida
e intemporal, a lembrança.

9 comentários:

BL disse...

A lembrança,
a intemporal lembrança,
a deslizar,
"sem controlo,
entre as rugas da existência".

Belíssimo, Armando.
Saudações

trepadeira disse...

Uma sina,lenta e inexorável.

Abraço,

mário

Unknown disse...

Nesta voragem dos dias e do nosso tempo não sei mesmo o que sobra.
Será que tudo não passa de um sonho ?

Lídia Borges disse...


O tempo não existe. É uma ficção!
Contá-lo é, por conseguinte, uma perda de tempo.

Beijo meu

Anónimo disse...

O tempo é relativo, o espaço tende a ser ocupado por quem estiver atento e quiser fazer parte. A lembrança, essa permanece no coração, na memória, no gesto e na palavra.
E que bem tu sabes brincar com as palavras!

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu amigo

Hoje passando para dizer que estou voltando (ainda devagar), mas com muita saudade e agradecendo as palavras de carinho deixadas durante a minha ausência.

Um beijinho com carinho
Sonhadora

deep disse...

As lembranças são também vida, feitas de outra substância. Bonito poema.

Bom domingo. :)

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

tudo tem a sua finitude até o tempo ( o nosso).

poema coerente e muito belo.

:)

Canto da Boca disse...

Eis o mistério da vida decifrado,
"é talvez o mote da existência:
produzir, criar, amar e viver", eu acrescentara ainda, e a morte da matéria. É a natureza manifesta, e nós à deriva, da sua vontade.
Entretanto temos os interstícios poéticos, como esse seu!

;))